verde limão
Eu e meu irmão. Cada um de um lado da bicicleta. Entre nós, ela, a mãe, sentada no banco enquanto seguramos o guidom. Ela tenta pedalar. As pernas tremem. A bicicleta imita o movimento do corpo. Ela, que aos quarenta e poucos anos ainda não sabe andar de bicicleta, insiste. Não se cansa. Nós, ainda crianças, sim, nos cansamos. Distraídos com a tarefa de implicar um com o outro, largamos o guidom e rolamos pela grama com cheiro de capim limão, encenando uma luta. De repente nos damos conta de que ela, a mãe que achávamos nunca iria aprender a andar de bicicleta, está descendo a ladeira que conduz à rua de baixo, enquanto pedala, instável e satisfeita. Rapidamente já estamos de pé, correndo para alcançá-la, gargalhando entre os grãos de poeira e os raios do último sol.
Um comentário:
a beleza do equilibro sempre instavel, sempre alcancavel, nem sempre incansavel :-)
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