15 de outubro de 2008

em breve no Curta Cinema

o gato da fada no Subúrbio em Transe

O gato da fada agora é estrela de cinema (veja o cartaz acima). Pulou para o curta-metragem dirigido pela nossa solar Karen Akerman. Quem deu vida ao gato foi o animador Henrique Kopke. E quem escreveu o roteiro do filme fui eu, a partir do argumento criado por mim, Daniel Bueno e a própria Karen. O curta recebeu o prêmio Curta Criança, fruto da parceria entre a TVE (atual TV Brasil) e o Minc. Estreou no Festival de Curtas-Metragens de São Paulo 2008. No fim de semana passado foi exibido para uma criançada atenta no cineclube Subúrbio em Transe, em Vista Alegre. O cineclube acontece todo último sábado do mês na Casarti, um lugar de resistência cultural, com um pessoal super aberto à troca de idéias. Outros filmes também foram exibidos, como a animação "A Turma dos Planetas, episódio 9", de Laura Bezerra Lima, de 8 anos. Feito com a técnica de recortes, o filme é uma adaptação de um livro escrito pela própria Laura, que criou a coleção "Livros Perfeitos" (o pai dela, Luiz Claudio Lima, que organiza o cineclube, até brincou: "Dá pra ver que modéstia não é o forte..."). Mas é verdade, a diretora/escritora tem talento, além de humor! As sessões no cineclube são sempre seguidas de um debate. Dessa vez quem assumiu o microfone foram as crianças. Depois a gente sorteou dois livros a fada inflada, que foram disputados até com rezas fervorosas "Por favor, por favor, por favor, deixa eu ganhar!", dizia a Natália ao meu lado, juntando as mãos. Adoramos!

4 de outubro de 2008

no centro da vida

Todo adulto foi criança. Isso talvez bastasse para dizermos algo sobre o que é ser criança. Estivemos . A infância é um estado e não apenas uma passagem de uma idade para outra. Quase um fim em si mesmo, embora esperemos das crianças que cresçam. A infância fica ali, sempre aquém ou além da nossa capacidade de lembrar. Ser criança é maior do que a memória. É antes de mais nada pura presença (nem inocência idealizada, nem impulso sem direção). Por ser pensamento provisório, passageiro, inacabado que preenche cada instante de um modo diferente, a infância talvez seja por definição impossível de ser rememorada. Massinha de modelar saindo pelas bordas do molde. Generosa, espessa, colorida e maleável.

Então, como não conseguimos falar como quem foi criança, falamos do alto de nossa "adultez". Qualificamos, discriminamos, analisamos as crianças. Suas fases, suas demandas, suas especificidades. Usamos instrumentos de observação e deliberamos o que dar de alimento aos menores: livros, filmes, atividades, enfim, educação (palavra cuja acepção no dicionário inclui "domar, "domesticar"...). Oferecemos explicações, travestindo de certeza as ambigüidades da vida. "A criança precisa sentir-se segura", dizemos. Então escrevemos histórias em que as palavras não sonham, criamos personagens cheios de bons conselhos. É melhor postergar a crueza das coisas.

, de repente, a criança vira pra gente e pergunta, como fez o filho de 5 anos da escritora Anne Provoost: “Mãe, podemos saltar do mundo ou estamos presos aqui?”. E também: “Será que daqui um milhão de anos as pessoas vão pensar que somos bobos?” Mais do que pedir respostas, as perguntas das crianças abrem espaço para as palavras e os pensamentos. Se ouvirmos bem essas perguntas, se olharmos para onde as crianças olham, talvez contaremos histórias outras, plenas de vento e invenção, histórias abertas ao porvir.