26 de maio de 2008

outono no Morro dos Prazeres

O sinal toca. As crianças disparam com as mochilas penduradas num braço . Querem chegar primeiro na escadaria que desce da escola em direção a suas casas. Correm por puro prazer. Correm porque são crianças. E qualquer mudança, nem que seja de lugar, é bem-vinda. Elas vão pulando de degrau em degrau escada abaixo. As maiores atropelam as menores. Algumas levam pela mão seus irmãos caçulas. De repente, uma rajada seca de tiros detém as crianças, que são impelidas a voltarem para a escola, como uma onda em reverso. São 17:13 e o caveirão está subindo. Na escola, as crianças e os adultos atiram-se ao chão. Uma mãe arranja fôlego para indagar quando deve matricular o seu filho mais novo. Sua pergunta é inaudível em meio aos tiros que envolvem a escola com seu abraço terrificante. Após um tempo impossível de definir, o barulho cessa. Um comunicado sem rosto e sem voz diz que o caminho está livre. É chegada a hora de ir para casa. As crianças não correm mais. Suas pequenas pernas pesam feito chumbo. A professora de música caminha, pálida, em direção ao seu carro estacionado no do morro. Um passante sussurra: “Se você, que está descendo, está com medo, imagina eu, que estou subindo...” A professora sabe que o morador não espera uma resposta. Ela chega no carro a tempo de atender a um pedido. Socorrer uma criança. Uma criança ferida na testa. (relato feito por nossa amiga Liza, no dia 23 de maio)

25 de maio de 2008

todo dia

Nessas conversas que tivemos sobre o livro com as crianças no Espaço Educação, aprendemos, ou melhor, reconhecemos algo a princípio evidente, mas muito importante. O dia a dia numa escola em que o cuidado prevalece é pura ciranda. A criança se entrega a cada atividade como se não houvesse outra depois. O que chamou nossa atenção na escola foi a percepção de que cada momento vivido é um momento pleno. Pleno inclusive de contradições. O que importa é viver os momentos como são, difíceis ou fáceis, tristes ou felizes, confusos ou claros... Cada interação é uma semente de cuidado que brota aos poucos na criança. E esse cuidado é sobretudo saber viver no presente. A criança se transforma em adulto passo a passo. Uma pessoa se faz a cada momento compartilhado.

23 de maio de 2008

narrativa amiga

"Quando o menino brincava com bolha de sabão João sorria mil silêncios pra menino. Os silêncios diziam assim: é bom aprender muito bem a lição das bolhas de sabão. Bolha de sabão é que nem silêncio: a gente pode dizer que não existe. É uma das coisas mais bonitas do mundo: colorida de todas as cores do arco-íris, toda redonda, voando livre, leve e alto. João disse (sem falar) pro menino: a vida da gente pode ser uma bolha de sabão (...). Se a gente aprende a ser colorido, a voar livre, leve e alto até explodir bonito, sem muito barulho, deixando no ar uma gotinha de saudade." Do livro João Teimoso, de Luiz Raul Machado, ed. Nova Fronteira.

18 de maio de 2008

festa da família

"Mãe feiticeira sentiu uma pontada de dor na barriga. Depois outra, e mais outra. Finalmente chegou o dia! Cadê o pai? Avisa a tia! Traz água quente! Arruma uma bacia!" Na primeira leitura do livro, em novembro, nossa amiga Verô foi a Mãe Feiticeira, já que estava grávida. Dessa vez, foi a Paula Monteiro que fez o papel, com uma barriga cenográfica mais do que real! A leitura no Espaço Educação foi deliciosa.

quando fada nasceu...

encheu os pulmões de ar, abriu um berreiro, mamou até cansar e dormiu o dia inteiro.

+ um

Com a vinda do Rafael Gryner, a banda que dá vida aos versos da fada ficou de arrepiar! Ele + Nana Carneiro da Cunha, Tati Altberg, Joana Bergman e Liza Saldanha fizeram uma sessão de improvisação musical depois da leitura que fez as crianças saltitarem que nem pipoca. Seja bem-vindo Rafa! (As fotos dessa leitura foram tiradas pela Dani, que tinha acabado de aterrissar no Rio. Que sorte a nossa!)

cada vez mais miudinha no céu...

casa cheia

Livros transbordando das janelas e crianças de todas as idades contemplando a leitura...

13 de maio de 2008

alô, São Pedro

Hoje o céu está límpido e brilhante. Será que o Sr. pode arranjar um dia como esse pra iluminar a leitura musical no Espaço Educação, no próximo sábado? A fada inflada é fanática por azul...

12 de maio de 2008

semana da biblioteca no Espaço Educação

Semana passada, o Espaço Educação promoveu sua primeira Semana da Biblioteca. Estreamos junto! Foi a primeira vez que a gente conversou com muitas crianças sobre o livro. Visitamos várias turmas (2° ano - prof. Beatriz, Jardim III - prof. Mariana, 1° ano - prof. Virgínia, 5° ano - prof. Ana, 1° - prof. Mônica, 3° ano - prof. Cristiane e 4° ano - prof. Maíra).

conversa boa

Mostramos para as crianças os rabiscos e rascunhos que deram origem ao livro, falando das nossas escolhas na composição das páginas. A conversa fez a gente olhar o livro com sentimentos emprestados. A idade das crianças variava dos 4 aos 10, mas a curiosidade era a mesma. Nunca vimos debate tão animado. As crianças não perguntaram muitas coisas para a gente, como conversaram entre si sobre suas dúvidas.

Os menores queriam saber onde fada foi parar, como “conseguimos fazer aquelas letras desenhadas”, “por que os pais perguntaram tantas coisas para fada?”, “por que ela sorria quando voltou?”. Teve um aluno do 3° ano que quis saber como fada "desafiou a lei da gravidade" e "como ela estava sozinha no espaço se lá tem as estrelas, os planetas, os astronautas, os asteróides e o buraco negro". Um dos alunos respondeu por mim "ah, isso é porque ela é fada." Ufa!

Os maiores nos contaram suas impressões: “Ela foi parar num planeta silenciosoou “Adorei quando eu descobri que naquela página com muitas fadas, é na verdade uma só fada que vai diminuindo”. Para nós o sentido de qualquer livro ilustrado é justamente este, convidar o leitor a interagir ou jogar com a imagem e o texto para então descobrir ali o sentido. Foi muito gostoso ver como cada criança se relacionou com a história, tornando-a sua.

Muito obrigada a Leda, Isabela, Aline e Marcela (que tirou as fotos acima) pelo convite e recepção deliciosa! Também queremos agradecer a nossa amiga Tati Altberg que filmou esses encontros inesquecíveis. Sábado tem mais! Vamos fazer uma leitura musical na Festa da Família.

bem me quer

Além dos sorrisos, ganhamos flores e desenhos lindos!

fada deu uma cambalhota...

Todo mundo desenhou retratos da fada e do pai mago. São lindos!