Uma
Uma
Desde o início, a gente queria cantar a história da fada inflada! Sem as fadas da banda, ou a banda das fadas, isso seria impossível. Tudo começou com a Joana Bergman (violão, escaleta, triângulo, pandeiro), Liza Saldanha (banjo e pandeiro) e Nana Carneiro da Cunha (violoncelo). A sensibilidade dessas moças fez nascer lindas composições e arranjos. Após um tempinho de convívio, a banda foi engordando... Nana trouxe Tati Altberg, com seu clarinete e caixa. Depois chegou Veronica D'Orey com seu barrigão de mãe feiticeira. E para selar a trupe, veio a Paula Delecave com seu dom de diretora. Fomos agraciadas com essa pequena e melodiosa multidão.
"Hoje teve um lançamento de livro na escola, o primeiro da vida do
Victor. O livro foi A fada inflada, excelente. Ele levou dinheiro e comprou o livro, todo serinho. Mando a foto dele esperando os autógrafos da autora e da ilustradora. Um
verdadeiro homenzinho!
Ele adora livro. Pega os dele e conta as histórias para mim. Às vezes
pega livros de adulto e folheia inventando histórias baseadas nos
desenhos das capas. Dessa forma já "leu" Lolita, Harry Potter, O
mistério do Padre Amaro e outros. Fala as histórias em voz alta, com
entonação de quem está realmente lendo (como a professora faz na
escola e eu faço em casa). Uma graça!
Agora ele cismou com Harry Potter. Outro dia queria que eu lesse para
ele. Eu comecei a inventar sem olhar e ele disse: "Não mamãe! Lê
mesmo". Aí eu li uns dois parágrafos. Ele não entendeu nada, mas
prestou atenção por uns minutos. Depois se desinteressou, como era de
se esperar.
Pelo jeito terei um leitor voraz em casa. Nada fará mais feliz a mamãe
professora."
Erika Paradela Ferreira (professora da NAU e mãe do Victor)
Passo a passo, com uma paciência de ourives, Paulo acertou e acertou e acertou as cores para a impressão do livro. “Esta também é uma arte”, disse ele, sorrindo. Certamente! Aliás, além de Paulo, mais três parteiros foram essenciais para fazer a fada nascer. Cosme, concentrado e silencioso, acertou o papel na máquina e fez outras coisas que não sabemos dizer. Jorge, zeloso, montou as páginas do livro para tudo ficar em ordem e teve todo o cuidado na hora de limpar as poeiras intrusas das chapas de impressão. Cristiano (que fugiu da foto) cortou com absoluta precisão cada página do livro. Além deles, queríamos agradecer a Guilherme, que recebeu os arquivos, também ajudou a montar o livro e coordenou a impressão, Luciane, pela atenção, papo bom e água fresca, Cristiane, por abrir os caminhos da comunicação, Veiber, por tantas idas e vindas, Barbieri, pelas histórias hilárias sobre o gato da gráfica e Laura pela conversa filosófica. Fada nasceu em boa companhia!
A chuva despencava do céu feito chuveiro. O túnel fechado. Botafogo paralisado. E um compromisso em Laranjeiras esvaindo-se pelos bueiros (alguns perigosamente destampados). Relampeou. Vou de bicicleta! Saí do Jardim Botânico preparada para a travessia.
Shlect shlect shlect, as rodas comentavam, mergulhando nas poças junto ao meio fio. Passar de bicicleta por Botafogo é sempre uma tarefa ingrata. O trânsito é intenso e a calçada parca. Nesse dia então, que os veículos andavam 500 metros por hora, o trajeto parecia uma provação. E o chuveiro não cedia.
Estranhamente, reparei que eu estava sorrindo. Eu estava sorrindo porque se deslocar com a própria força é uma sensação maravilhosa. Eu estava sorrindo porque a atenção exigida para eu desviar do trânsito, das águas, dos buracos, dos bueiros, dos guarda-chuvas e dos passantes só deixava espaço para a sensação de estar viva. E essa extrema atenção ao meu caminho implicava também ter cuidado com tudo e com todos que me cercavam. Eu imediatamente parava para dar passagem aos pedestres que, a despeito do caos, sorriam de volta. Ninguém é imune a um gesto de gentileza. Tenho certeza que somos equipados para responder a qualquer gesto que traduza a palavra ‘sim’.
Pensei logo no projeto da fada inflada, que vai para a gráfica amanhã! Senti uma imensa gratidão por todos vocês que fizeram a idéia ganhar corpo, compartilhando a alegria de cada passo e comprando o livro antes mesmo dele existir (já vendemos 120 exemplares!). Contei para a Tati que queria postar essa história. Ela disse sim. Agradecemos do fundo do coração.