4 de novembro de 2007

A chuva despencava do céu feito chuveiro. O túnel fechado. Botafogo paralisado. E um compromisso em Laranjeiras esvaindo-se pelos bueiros (alguns perigosamente destampados). Relampeou. Vou de bicicleta! Saí do Jardim Botânico preparada para a travessia. Shlect shlect shlect, as rodas comentavam, mergulhando nas poças junto ao meio fio. Passar de bicicleta por Botafogo é sempre uma tarefa ingrata. O trânsito é intenso e a calçada parca. Nesse dia então, que os veículos andavam 500 metros por hora, o trajeto parecia uma provação. E o chuveiro não cedia. Estranhamente, reparei que eu estava sorrindo. Eu estava sorrindo porque se deslocar com a própria força é uma sensação maravilhosa. Eu estava sorrindo porque a atenção exigida para eu desviar do trânsito, das águas, dos buracos, dos bueiros, dos guarda-chuvas e dos passantes só deixava espaço para a sensação de estar viva. E essa extrema atenção ao meu caminho implicava também ter cuidado com tudo e com todos que me cercavam. Eu imediatamente parava para dar passagem aos pedestres que, a despeito do caos, sorriam de volta. Ninguém é imune a um gesto de gentileza. Tenho certeza que somos equipados para responder a qualquer gesto que traduza a palavra ‘sim’. Pensei logo no projeto da fada inflada, que vai para a gráfica amanhã! Senti uma imensa gratidão por todos vocês que fizeram a idéia ganhar corpo, compartilhando a alegria de cada passo e comprando o livro antes mesmo dele existir (já vendemos 120 exemplares!). Contei para a Tati que queria postar essa história. Ela disse sim. Agradecemos do fundo do coração.

3 comentários:

Anônimo disse...

love is a place
& through this place of
love move
(with brightness of peace)
all places

yes is a world
& in this world of
yes live
(skilfully curled)
all worlds

ee cummings

Anônimo disse...

120! 120! Vai sobrar algum para nos? Eu quero da primeira edicao, ah, isso eu quero!!!

sobre nós disse...

Oi Maria, vai ter fada inflada para você sim e para quem mais quiser! Pode deixar... Beijos