12 de novembro de 2011

novo lançamento + instalação sonora!

Para quem perdeu o lançamento em agosto, vamos montar a instalação sonora Azulzim no domingo, dia 20 de novembro, a partir das 16h, no Midrash Centro Cultural, Rua General Venâncio Flores, 184, Leblon. Entrada franca.

10 de outubro de 2011

jardim de livros-sanfona

















Fomos convidadas pela Maria para participar da festa Primavera do Humaitá, no dia 8 de outubro, organizada por ela. As pessoas e as ideias circularam pelo bairro num lindo dia de sol. Foi uma delícia! Teve música, comidinhas, vizinhos trocando sorrisos e objetos que não usam mais. As crianças puderam aprender um monte de coisas novas... como cultivar minhocas e fazer compostagem, reciclar o lixo eletrônico, encadernar e criar adereços a partir de material reciclado. A gente levou Azulzim e um jardim de livros-sanfona para as crianças criarem suas próprias histórias. Segundos após espalharmos os livros pela rua em frente à Cobal, as crianças já estavam instaladas, bem à vontade.

7 de setembro de 2011

instalação sonora


[desenho sonoro: Joana Bergman / imagens e edição: Tatiana Altberg]

5 de setembro de 2011

Azulzim, um banquinho e um violão


Canção do nosso querido amigo Julio Dain feita a partir do livro para a instalação sonora!

4 de setembro de 2011

azul celeste, azul marinho

























Alguns dias antes do lançamento de Azulzim, encontrei um amigo na rua, acompanhado do filho de seis anos. Ao ouvir o pai perguntar onde seria o lançamento, o Felipe, que tinha cerca de dois anos quando lançamos a fada inflada, disse: “O outro foi no parquinho”. Senti uma alegria incomum ao perceber que a imagem da fada desaparecendo na imensidão do céu sobre a Praça Pio XI ficara registrada na memória do menino, bem menino ainda. Não sei se foi essa a imagem que ele guardara. Talvez nem fosse imagem, apenas uma sensação, aquele dom difuso da memória: resquícios de luz filtrada pelas copas das árvores, bolhas de sabão, melancia vermelho vivo. Gosto de imaginar a memória dele, a partir da minha, que então vira outra, caleidoscópica e contínua. Depois dessa tarde na praça, vimos que lançamento só teria cara de lançamento se o livro fosse também uma experiência que transbordasse da página. Brincamos a sério fazendo o livro, brincamos de novo criando suas variações. Para ver Azulzim nascer, a gente montou uma instalação, um ambiente marítimo revestido de colchões. Sobre as paredes azuis foram projetadas sombras de peixes e de outras criaturas. As pessoas pequeníssimas, médias e grandes se reuniram ali dentro, numa tarde cheia de ventos e chuva, para ouvir trechos do livro narrados em várias línguas. Babel netuniana. Todos concentrados, unidos pelo som que foi minuciosamente composto por nossa amiga Joana. A princípio pensamos que a chuva viera para atrapalhar. Mas foi justo o contrário. A tarde virou espelho da imagem central do livro, "o céu beijou o mar", inteiramente Azulzim. Obrigada a todos que vieram mergulhar com a gente!

[fotos: Tatiana Altberg]

17 de agosto de 2011

6 de agosto de 2011

2 de agosto de 2011

Azulzim foi dar uma volta no Japão


[vídeo: Marina Fraga / voz e tradução do livro para o japonês: Mariko Arai]

peixe fresco, saindo da gráfica!

31 de julho de 2011


[voz e violoncelo: Mariana Carneiro da Cunha]

28 de julho de 2011

24 de julho de 2011

Azulzim está chegando


[desenho de som: Joana Bergman]

fada em festa. vem novidade por aí!


a metamorfose da fada

19 de agosto de 2009

a primavera é a imaginação do inverno

Quem escreveu esta linda frase em cima foi a Tatiana, que conta histórias com imagens. Hibernamos durante o outono e ao longo do inverno. Mas nunca vi uma hibernação tão cheia de tarefas. Mudanças de todo tipo, inclusive de endereço! E junto mudam nosso(s) ponto(s) de vista. Estamos agora em Laranjeiras. Aqui tem muito jeito de bairro. A gente até ganha pastel quando passa pela Tasca do Edgar (no novo ponto, ainda na rua Alice, pois o senhorzinho adorável que sabe cuidar da sua clientela mudou de lugar). Agora que a primavera está chegando é hora de pensar na coisas que brotam e frutificam.

8 de março de 2009

viva o Zé Pereira

Nos escondemos do sol que reluz, implacável, como um olho de Cíclope no centro do céu. Os tamborins e os bumbos ainda ecoam pelas ruas do Rio. Resquícios do carnaval brilham aqui e acolá, grãos de purpurina aninhados nas rachaduras do asfalto. Coisas mínimas, delicadas, relembrando o delírio. Dentro de casa, as coisas buscaram nova moradia, após o vendaval de preparativos para confeccionar, a partir de nada especial, fantasias memoráveis. Lá se vão duas semanas e ainda encontro confetes em lugares tão improváveis como os vasos de plantas na varanda – quem sabe nascerá em breve uma árvore de confetes. Poderei então colher essas alegrias miúdas quando eu quiser e guardá-las para o próximo carnaval.

22 de janeiro de 2009

a verdade da máscara

No documentário inspirador "Pan-Cinema Permanente", de Carlos Nader, Waly Salomão grita, turbilhonante: “Chega de papo furado de que o sonho acabou. A vida é sonho!” Me lembrei da frase de Shakespeare: “We are such stuff as dreams are made on” (Somos feitos do mesmo material de que são feitos os sonhos). Waly, dono de uma "espontaneidade construída”, segundo Antonio Cicero, defendia com versos e veemência a verdade da representação. No lugar da transparência, Waly preferia a “opacidade da máscara” e no filme declara: "Não preciso de verdades. Para viver, você precisa de mentiras". Mentira aqui talvez seja sinônimo de verdade vivida, algo singular, que aparece à medida que cada pessoa cria a si mesma. Waly parece irmão espiritual do dramaturgo Pirandello, para quem a verdade não é algo que existe por si , que antecede sua própria construção. Nesse sentido, somos todos verdadeiros mentirosos, desempenhando os papéis que nós mesmos inventamos. As verdades são infindáveis e múltiplas. "Pan-Cinema Permanente". Lúcida delícia. Retrato preciso de um artista desmedido e dedicado à farsa divina da existência.

Amante da Algazarra

"Não sou eu quemcoices ferradurados no ar. / É esta estranha criatura que fez de mim seu encosto. / É ela!!! / Todo mundo sabe, sou uma lisa flor de pessoa, / Sem espinho de roseira nem áspera lixa de folha de figueira. / Esta amante da balbúrdia cavalga encostada ao meu sóbrio ombro / Vixe!!! / Enquanto caminho a , pedestreperegrino atônito até a morte. / Sem motivo nenhum de pranto ou angústia rouca ou desalento: Não sou eu quemcoices ferradurados no ar. / É esta estranha criatura que fez de mim seu encosto E se apossou do estojo de minha figura e dela expeliu o estofo. / Quem corre desabrida / Sem ceder a concha do ouvido / A ninguém que dela discorde / É esta / Selvagem sombra acavalada que faz versos como quem morde. "

Waly Salomão

26 de dezembro de 2008

o que diz a chuva

No dia 24 de dezembro, um enorme arco-íris cruzou o céu da cidade, pousando uma de suas extremidades no Morro do Corcovado, onde fica o Cristo Redentor. Suas cores brilharam, nítidas, até se esvaírem no céu cinzento da tarde. A manhã do dia 25, Natal, amanheceu nublada. A chuva logo cobriu os cantos da cidade, forte para se fazer notar, mas não forte o bastante para trazer destruição. Por trás do céu cinzento havia uma luminosidade difusa, um pedido preciso. A chuva parecia dizer: "calma, ouça, sinta o lado de dentro, o avesso das coisas. Venha, não tenha medo, chore quando é para chorar, ria quando é para rir. Isso é a alegria." Sejamos assim em 2009, corajosos e transparentes como as crianças.

17 de dezembro de 2008

quem conta um conto aumenta um ponto

Narramos tudo o tempo todo. O que vimos na feira, o que ouvimos no ônibus, o que aconteceu na pracinha, o que o beltrano disse, o que o sicrano contou. Descrevemos o tempo, o jogo de futebol, a consulta médica.

Os relatos sintéticos dão nervoso na gente – “ah, o show? foi legal”, “a festa? tava boa”. São tão rápidos que não rendem um fio sequer de enredo. E no reino da narrativa queremos nos enredar para ter o que desenrolar.

Outro dia, meu sobrinho, única criança numa festa enfadonha de adultos, se safou do tédio com um incrível brinquedo invisívelpalavras. Fizemos uma rodinha de criar/contar histórias. Minha avó começou:

"Uma foca jogou para o alto uma bola. A bola rolava e rolava e não parava de rolar..."

A história foi passando de boca em boca, sendo tecida por cada pessoa e por todos.

"Cada vez que rolava, a bola crescia até cair no mar. A essa altura a bola estava maior que a Terra e o mar se esvaziou. No deserto onde antes havia o mar, a foca topou com uma zebra e ficou hipnotizada pelas listras prateadas. A foca começou a puxar as listras do corpo da zebra, que disse "Ui ai ui ai ui".

Um disco voador furou a bola gigante que, vazia, caiu em cima da foca e da zebra como se fosse um toldo. A zebra e a foca fizeram umas estacas com as listras da zebra e levantaram o toldo, criando um circo.

Depois perceberam um brilhinho incomum saindo pelas frestas do porta-malas do disco voador. Tcharam! Os ETs haviam roubado as estrelas! Como estava tudo escuro, a foca usou o que restava das listras da zebra para construir uma escada. Muito desajeitada, a foca subiu na escada para grudar as estrelas no céu do circo. Tudo ficou lindo, iluminado por focos (não focas!) de luz. Por um instante todos se esqueceram daquela situação pouco usual e aplaudiram. Os bichinhos do fundo do mar, agora deserto, que estavam fora do circo acharam que era dia de São João. As palmas pareciam estalinhos. "Mas como assim? Festa de São João em dezembro?", disse um deles, incrédulo. Os outros deram de ombros e continuaram com sua reunião sobre como trazer o mar de volta. Tinham pouco tempo. O oxigênio estava acabando.

Os ETs tentaram descobrir que bicho era a zebra. Chegaram à conclusão – olhando a sua enciclopédia "Bichos que Crescem na Terra” –, de que deveria ser um cavalo. A zebra e a foca tiveram um ataque de riso, pois sempre haviam ouvido dizer que os ETs eram muito espertos e agora eles não pareciam nada espertos.

De repente a Terra começou a tremer. As estrelas no teto do circo tremeluziam. Todos tentaram se enfiar dentro do disco voador, mas este era achatado e cabiam mesmo os ETs. A foca e a zebra tiveram que ficar em cima do disco voador. Por causa disso ele ficou ainda mais achatado.

Um elefante veio chegando vagarosamente, levantou a tromba e esguichou o mar inteiro sobre a Terra criando uma onda enorme como um tsunami. A sorte é que o disco voador virou um veleiro (o toldo do circo serviu de vela). Todos foram dar uma volta ao mundo, coisa que encantou os ETs, pois nunca na vida eles haviam apreciado os peixes e os golfinhos saltando da água, as gaivotas sobrevoando as ondas e o som melodioso das baleias."

E quem quiser que conte outra.

14 de dezembro de 2008

o ar fresco da serra

Marcamos a data. E desmarcamos a data. Foram várias as tentativas de subir até Petrópolis para apresentar a fada inflada para os alunos de música da Nana Carneiro da Cunha, que integra a nossa banda das fadas (e que também é ceramista, rara cozinheira, cultivadora de especiarias e orquídeas, violoncelista, cantora e compositora inspirada, hilária companheira de aventuras de toda sorte, e mais). O dia em que viajaríamos amanheceu chuvoso e cinzento, as pedras do Rio cobertas de névoa. Além disso, grande parte da banda não podia ir. Será que desmarcamos mais uma vez? De jeito nenhum!

À medida que subíamos a serra, a neblina foi ficando para trás. Aos poucos, o desvario de verde que margeia a estrada começou a limpar nossos olhos e pulmões. Dormimos na casa deliciosa da avó da Nana, depois de tomar sopa de abóbora e agrião. O dia seguinte estalava de tão límpido, azul, com nuvens gordas branquíssimas. Um vento frio percorria os corredores da casa. Corremos para o ciep Santos Dumont (companheiro perfeito para a fada), passando antes no centro da cidade para comprar o combustível para o vôo, hélio.

As crianças estavam nos esperando desde cedo. Cercaram o carro querendo nos ajudar a carregar as coisas. Cada leitura da fada é bem diferente. Dessa vez teríamos que cantar as músicas apenas acompanhadas de um pandeiro e um violão. Na verdade, a falta dos instrumentos e de marcações mais precisas deixou a gente mais livre para os gestos e o improviso. Cada palavra ganhou corpo. Cada careta puxou um movimento engraçado. E quando a fada "ficou cheia e saiu flutuando", corremos todos para fora do ginásio para vê-la desaparecer aos poucos numa nuvem graúda. As crianças acompanharam cada detalhe da leitura com tanta atenção e alegria que tudo virou mágica! Veja as fotos abaixo...

6 de dezembro de 2008

a trupe subindo a serra

desacertos graciosos

O dia nasceu azul. Corremos para o lindo jardim do Museu da República para apresentar a fada inflada na festa de 30 anos da escola Oga Mitá. Após tantas leituras tranqüilas ao longo do ano, a fada finalmente apresentou sua faceta endiabrada! Cheia de tropeços cômicos, a leitura nos rendeu boas risadas. Teatro é assim. Tem dia em que tudo está afinado. Tem dia em que os objetos de cena brigam com a gente e as palavras saem da boca de trás pra frente. A o vento fez travessuras. Levou a fada para o céu com a força de um aspirador gigante. E o pai mago, coitado, perdeu seu corpo triangular que foi parar na cabeça do Felipe – pai da Tati Altberg, da nossa banda. Mas nesse espetáculo, até o erro é acerto. Como diz um dos versos do livro: “Fada era tranqüila e comportada, travessa e endiabrada. Um pouco certinha e também estabanada”. A graça, afinal, é essa. Parabéns Oga Mitá!

11 de novembro de 2008

as meninas

O roteiro do curta A Festa que Caiu do Céu, dirigido pela Karen Akerman, foi inspirado numa menina chamada Rosa Marina. A gente teve a sorte de encontrar a Clara, que deu voz e vida à personagem Rosa, no filme, com um talento incrível e uma energia inesgotável. Na sessão do filme no Odeon, as duas finalmente se encontraram. Rosa Morena e Rosa Clara. Lado a lado.

a fada e a Clara

10 de novembro de 2008

7 de novembro de 2008

1 de novembro de 2008

A festa que caiu do céu - sessões

Odeon Petrobras Praça Mahatma Ghandi, 2 Cinelândia / seg, 3 de nov 14h / qui, 6 de nov 14h / sab, 8 de nov 13h /
Caixa Cultural 2 Av. Almirante Barroso, 25 Centro / sab, 1 de nov 16h / dom, 9 de nov 16h /
Ponto Cine Guadalupe Shopping Estrada do Camboatá, 2300 / sab, 8 de nov 14h / ter, 11 de nov 14h / qua, 12 de nov 14h / qui, 13 de nov 14h /

Programa Infantil 1

63 min

De Zwemles . Danny De Vent . 9 min . Anim . Bélgica/França/Holanda Le Voyage Extraordinaire . 3 min . Fic . Fabien Dettori . França O Povo Atrás Do Muro . Marconi Loures De Oliveira . Anim . 8 min . MG Kindsein Im Iran - "Father And Son" . Behrooz Karamizade . 10 min . Doc . Irã/Alemanha Rybka . Sergei Ryabov . 10min . Anim . Rússia . A Festa Que Caiu Do Céu . Karen Akerman . Fic . 13 min . RJ Jauna Suga . Evalds Lacis . 10 min . Anim . Letônia

15 de outubro de 2008

em breve no Curta Cinema

o gato da fada no Subúrbio em Transe

O gato da fada agora é estrela de cinema (veja o cartaz acima). Pulou para o curta-metragem dirigido pela nossa solar Karen Akerman. Quem deu vida ao gato foi o animador Henrique Kopke. E quem escreveu o roteiro do filme fui eu, a partir do argumento criado por mim, Daniel Bueno e a própria Karen. O curta recebeu o prêmio Curta Criança, fruto da parceria entre a TVE (atual TV Brasil) e o Minc. Estreou no Festival de Curtas-Metragens de São Paulo 2008. No fim de semana passado foi exibido para uma criançada atenta no cineclube Subúrbio em Transe, em Vista Alegre. O cineclube acontece todo último sábado do mês na Casarti, um lugar de resistência cultural, com um pessoal super aberto à troca de idéias. Outros filmes também foram exibidos, como a animação "A Turma dos Planetas, episódio 9", de Laura Bezerra Lima, de 8 anos. Feito com a técnica de recortes, o filme é uma adaptação de um livro escrito pela própria Laura, que criou a coleção "Livros Perfeitos" (o pai dela, Luiz Claudio Lima, que organiza o cineclube, até brincou: "Dá pra ver que modéstia não é o forte..."). Mas é verdade, a diretora/escritora tem talento, além de humor! As sessões no cineclube são sempre seguidas de um debate. Dessa vez quem assumiu o microfone foram as crianças. Depois a gente sorteou dois livros a fada inflada, que foram disputados até com rezas fervorosas "Por favor, por favor, por favor, deixa eu ganhar!", dizia a Natália ao meu lado, juntando as mãos. Adoramos!

4 de outubro de 2008

no centro da vida

Todo adulto foi criança. Isso talvez bastasse para dizermos algo sobre o que é ser criança. Estivemos . A infância é um estado e não apenas uma passagem de uma idade para outra. Quase um fim em si mesmo, embora esperemos das crianças que cresçam. A infância fica ali, sempre aquém ou além da nossa capacidade de lembrar. Ser criança é maior do que a memória. É antes de mais nada pura presença (nem inocência idealizada, nem impulso sem direção). Por ser pensamento provisório, passageiro, inacabado que preenche cada instante de um modo diferente, a infância talvez seja por definição impossível de ser rememorada. Massinha de modelar saindo pelas bordas do molde. Generosa, espessa, colorida e maleável.

Então, como não conseguimos falar como quem foi criança, falamos do alto de nossa "adultez". Qualificamos, discriminamos, analisamos as crianças. Suas fases, suas demandas, suas especificidades. Usamos instrumentos de observação e deliberamos o que dar de alimento aos menores: livros, filmes, atividades, enfim, educação (palavra cuja acepção no dicionário inclui "domar, "domesticar"...). Oferecemos explicações, travestindo de certeza as ambigüidades da vida. "A criança precisa sentir-se segura", dizemos. Então escrevemos histórias em que as palavras não sonham, criamos personagens cheios de bons conselhos. É melhor postergar a crueza das coisas.

, de repente, a criança vira pra gente e pergunta, como fez o filho de 5 anos da escritora Anne Provoost: “Mãe, podemos saltar do mundo ou estamos presos aqui?”. E também: “Será que daqui um milhão de anos as pessoas vão pensar que somos bobos?” Mais do que pedir respostas, as perguntas das crianças abrem espaço para as palavras e os pensamentos. Se ouvirmos bem essas perguntas, se olharmos para onde as crianças olham, talvez contaremos histórias outras, plenas de vento e invenção, histórias abertas ao porvir.

18 de setembro de 2008

29 de julho de 2008

você não imagina onde fada foi parar!

Cada vez que a gente encontra por aí pessoas que conhecem a fada inflada, ouvimos histórias sobre os adesivos que vêm junto com o livro. A Amanda me disse em São Paulo que colou os adesivos sobre os imãs de farmácia na sua geladeira, recortando as bordas para ficarem redondinhos. A Dri me mostrou a fada no seu laptop quando fui visitar sua produtora no início do ano. A Rosa Marina me contou que os seus adesivos estão na porta do armário ao lado do adesivo do seu time, o Fluminense. Tem gente que guarda a cartela para usar depois. Mas as crianças pequenas, em sua efusiva demonstração de desapego, geralmente saem colando tudo por onde passam. A Carol, sobrinha da Tati A., tornou-se uma instalação ambulante no lançamento com os adesivos espalhados pela roupa, braços e mãos. Queremos fazer um painél com imagens da fada pelo mundo afora para postar aqui. Mande uma foto (ou mais) para rabiolaeditora@hotmail.com A gente vai adorar!

21 de julho de 2008

e agora?

Antes da primeira pincelada havia a página. Branca possibilidade. Fomos seguindo adiante como se o fio das coisas saísse da ponta dos pincéis. Primeiro a cor. Depois o contorno e o volume. O livro a fada inflada nasceu assim. Queríamos que o processo fosse livre e incerto como os passos de quem aprende a andar. Antes de começar havia espaço. Era preciso errar. Soltar o traço e a linha da rabiola, dar voltas sem saber onde iríamos parar. Agora, olhando para trás, a gente se admira ao ver que o livro tem vida própria, fazendo pouso e casa no coração das crianças. Nossa primeira tiragem está chegando ao fim. A distribuição foi feita por nós, via blog, escolas e, é claro, vocês, que foram passando a notícia adiante como se fosse uma brincadeira de telefone sem fio. E agora? Fazemos o próximo livro da Rabiola? Outra tiragem da fada com o CD da leitura musical? Quem sabe contatamos uma editora maior? Assim deixamos os lançamentos em praça pública para os novos livros. O que vocês acham? Estamos abertas a sugestões...

2 de julho de 2008

visita aos trópicos

Quando começamos a fazer a fada inflada, alguns livros foram faróis para nossa exploração e experimentos. Apontavam para uma região não muito definida, inexplorada, mas ainda assim uma direção. Além de "A Fada de Pasárgada", escrito pela Sylvia Orthof, e dedicado a Manuel Bandeira, a gente não se cansava de ler "A Rainha das Cores", da alemã Jutta Bauer. No próximo fim de semana (5 e 6 de julho), uma companhia, também alemã, vai apresentar uma adaptação teatral desse último livro no CCBB, dentro da programação do Festival Internacional de Intercâmbio de Linguagens (FIL). No palco ou nas páginas, a história é comovente. Com certeza estaremos lá...

24 de junho de 2008

constelações

"Vamos logo ali olhar o céu", disse o nosso querido amigo Marcus. E fomos com ele ver o céu. Estava chovendo. Fazia frio. Uma camada espessa de nuvens separava a galáxia de nossas retinas. Ainda assim a gente viu muitas estrelas. Milhares. Bilhões. Miaplacidus. Hadar. Bellatrix. Aldebaran. Cada uma com seu brilho preciso. Algumas, tímidas. A mais reluzente, Sirius. Estávamos dentro da cúpula do Planetário. Recostados nas poltronas, admirávamos cada estrela e o imenso espaço vazio entre elas, enquanto os astrônomos iam falando da revolução da Terra e os milhares de anos que a luz percorre até beijar nossos olhos. Todo mundo deveria estudar astronomia desde pequeno. "Ética Astronômica 1 e 2", disse o Marcus. Por quê? O planeta Terra é uma esfera singular no universo, azul, azulíssima, coberta de tapetes verdes (infelizmente cada vez menos extensos). É um lugar onde a vida é possível, diferente dos outros planetas, repletos de planícies áridas e envoltos em névoas ácidas. Além disso, tudo que vive na Terra depende da estrela flamejante chamada sol. Sem essa bola de fogo, nem sonharíamos estar aqui. Somos por natureza sistêmicos. Flutuamos numa imensidão de proporções inimagináveis. Nos dar conta disso profundamente significa cuidar desse pontinho azul como quem cuida da própria casa. E olhar para quem está do nosso lado com o mesmo assombro com que olhamos os mapas estampados no céu sem fundo.

26 de maio de 2008

outono no Morro dos Prazeres

O sinal toca. As crianças disparam com as mochilas penduradas num braço . Querem chegar primeiro na escadaria que desce da escola em direção a suas casas. Correm por puro prazer. Correm porque são crianças. E qualquer mudança, nem que seja de lugar, é bem-vinda. Elas vão pulando de degrau em degrau escada abaixo. As maiores atropelam as menores. Algumas levam pela mão seus irmãos caçulas. De repente, uma rajada seca de tiros detém as crianças, que são impelidas a voltarem para a escola, como uma onda em reverso. São 17:13 e o caveirão está subindo. Na escola, as crianças e os adultos atiram-se ao chão. Uma mãe arranja fôlego para indagar quando deve matricular o seu filho mais novo. Sua pergunta é inaudível em meio aos tiros que envolvem a escola com seu abraço terrificante. Após um tempo impossível de definir, o barulho cessa. Um comunicado sem rosto e sem voz diz que o caminho está livre. É chegada a hora de ir para casa. As crianças não correm mais. Suas pequenas pernas pesam feito chumbo. A professora de música caminha, pálida, em direção ao seu carro estacionado no do morro. Um passante sussurra: “Se você, que está descendo, está com medo, imagina eu, que estou subindo...” A professora sabe que o morador não espera uma resposta. Ela chega no carro a tempo de atender a um pedido. Socorrer uma criança. Uma criança ferida na testa. (relato feito por nossa amiga Liza, no dia 23 de maio)

25 de maio de 2008

todo dia

Nessas conversas que tivemos sobre o livro com as crianças no Espaço Educação, aprendemos, ou melhor, reconhecemos algo a princípio evidente, mas muito importante. O dia a dia numa escola em que o cuidado prevalece é pura ciranda. A criança se entrega a cada atividade como se não houvesse outra depois. O que chamou nossa atenção na escola foi a percepção de que cada momento vivido é um momento pleno. Pleno inclusive de contradições. O que importa é viver os momentos como são, difíceis ou fáceis, tristes ou felizes, confusos ou claros... Cada interação é uma semente de cuidado que brota aos poucos na criança. E esse cuidado é sobretudo saber viver no presente. A criança se transforma em adulto passo a passo. Uma pessoa se faz a cada momento compartilhado.

23 de maio de 2008

narrativa amiga

"Quando o menino brincava com bolha de sabão João sorria mil silêncios pra menino. Os silêncios diziam assim: é bom aprender muito bem a lição das bolhas de sabão. Bolha de sabão é que nem silêncio: a gente pode dizer que não existe. É uma das coisas mais bonitas do mundo: colorida de todas as cores do arco-íris, toda redonda, voando livre, leve e alto. João disse (sem falar) pro menino: a vida da gente pode ser uma bolha de sabão (...). Se a gente aprende a ser colorido, a voar livre, leve e alto até explodir bonito, sem muito barulho, deixando no ar uma gotinha de saudade." Do livro João Teimoso, de Luiz Raul Machado, ed. Nova Fronteira.

18 de maio de 2008

festa da família

"Mãe feiticeira sentiu uma pontada de dor na barriga. Depois outra, e mais outra. Finalmente chegou o dia! Cadê o pai? Avisa a tia! Traz água quente! Arruma uma bacia!" Na primeira leitura do livro, em novembro, nossa amiga Verô foi a Mãe Feiticeira, já que estava grávida. Dessa vez, foi a Paula Monteiro que fez o papel, com uma barriga cenográfica mais do que real! A leitura no Espaço Educação foi deliciosa.

quando fada nasceu...

encheu os pulmões de ar, abriu um berreiro, mamou até cansar e dormiu o dia inteiro.

+ um

Com a vinda do Rafael Gryner, a banda que dá vida aos versos da fada ficou de arrepiar! Ele + Nana Carneiro da Cunha, Tati Altberg, Joana Bergman e Liza Saldanha fizeram uma sessão de improvisação musical depois da leitura que fez as crianças saltitarem que nem pipoca. Seja bem-vindo Rafa! (As fotos dessa leitura foram tiradas pela Dani, que tinha acabado de aterrissar no Rio. Que sorte a nossa!)

cada vez mais miudinha no céu...

casa cheia

Livros transbordando das janelas e crianças de todas as idades contemplando a leitura...